Ganhei
uma segunda-feira. Livre, leve e disponível para meros devaneios
tolos. Espaço é o que não falta no apartamento pré-mudança;
me estico, estendo-me por todos os ladrilhos empoeirados.
Vem o vento, voa a pilha de papéis. Tudo percebo agora, já
que quatro anos de trabalhos não mais fazem parte de mim: ficaram
nos pertences e tranqueiras espalhados no chão, à espera
de um destino empacotado.
Os dias estão contados, mas ainda não parei para enumerá-los
e nem será desta vez. Tenho a segunda livre, e não há
porque ficar preso ao inevitável.
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