LUZ PARALELA
Lula Moura

Na parte do quieto,
no interstício da mente,
um choro de luz, num canto,
ainda se faz presente.

E o paradoxo do tempo
é
um riso de anjo,
em água de torrente,
refletido num lado do lago,
onde jorra um lamento,
que dói em dor latente.

Na vida, ela chegou,
criança, suavemente.
Seu carinho se espalhou,
e nos deixou contente.
O pouco tempo passou,
a
morte veio e ela se foi,
criança, estupidamente.

Será que foi pra sempre?
Aqui, no peito, fincou
uma saudade grande,
enroscada pela serpente.

Um misto de mistério,
me confunde a comoção,
e eu penso, muito sério,
que aqui no coração,
existe um ministério,
de amor e compaixão,
que guarda a cor da vida,
e cura essa ferida,
sem mistificação.

E ainda quando pairo,
no meio da agitação.
Na felicidade que hoje vivo,
e que povoa meu coração,
eu queria que você estivesse
conosco, comigo, de manso,
amando à quem eu amo,
cantando essa canção,
que hoje eu canto com outros,
feliz, na minha emoção.

Nos sonhos, acordado,
em mundo paralelo,
te vejo navegar,
nas cordas de um violoncelo,
permitindo me tocar,
e me olhar por entre um elo,
daí, desse lugar.

Não é bem isso que eu quero,
mas é o que me faz restar.
É de onde me sinto sincero
e, sentado, consigo tirar,
a força que bato o martelo,
na cruz da tua ausência,
que ando à carregar.

Mas sei que na essência,
que um dia irá saltar,
reside a consciência,
de um mundo todo igual,
de verde verdade inteira,
e luz paralela, derradeira.


Um beijo, filha.
Tô por aqui.
Te amo.

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