SEM RAZÃO
Pedro Feitosa
Depois do ato vem a chuva, aquela que cai fina e constante num dia quente de verão. O paraíso já foi atingido, os corpos agora repousam sobre a chuva que refresca.
A fúria também já passou. Ainda há fome, mesmo que a massa biológica diga que já fora saciada. A respiração indica que houve perda, uma perda boa de sentir, traduzida em gemidos e sussurros. As pernas permanecem trêmulas, como se não estivessem mais ali. A dor fora superada durante o ato, aliás, tudo sempre é superado. Não é possível parar, a vontade impede a ação.
E assim os corpos repousam - no silêncio, sob a chuva que molha o cabelo, unindo-se ao suor. O coração também é molhado pela insistente e serena chuva. A razão ainda não voltou ao corpo, foi-se com a grande explosão.
Os corpos ainda descansam do grande momento, quase sem sentido, tomados por prazer. Apenas prazer. Aquele prazer único na vida, que não pode ser reproduzido com palavras, tamanha a sua intensidade.
O tempo passa e aos poucos a temperatura começa a baixar, a calmaria traz o quê o que lhes fora tirado. A vontade volta a tomar conta dos dois corpos. As mãos se movem sobre o outro corpo, dando vida ao que havia morrido. A chuva cessa, ficando apenas o calor de verão.
Assim o amor renova, trazendo a chuva novamente,
a fúria e a perda da razão.
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