COMO EM AVENCAS
Elaine Grava
Foi naquela sexta do mês oito que o café virou cerveja, drinks e uma história lindíssima.
E os cigarros vários que eu então fumava por não saber se pegava na tua mão miúda e inquieta, ou se aprochegava minha cadeira da tua, a fim de roçar meu braço roliço no teu macacão de moleque, em jeans.
E a fumaça que dizia mais de mim que meus lábios e menos que meus olhos grandes de ainda menina que queriam você, mulher, que pouco enrubescia se comparada à minha vermelhidão do nunca dantes.
Depois de sorrir todo o desconcerto, dei com teus verdes escuros na minha alvura desnuda; dei com teu hálito fervura me alvoroçando os meios; dei com teus dedos ternos longilíneos me ensandecendo.
Dei por mim, agraciada e caudalosa, trôpega e em desalinho.
Dei por mim aparvalhada a respeito dos nossos ajustes perfeitinhos.
E finalmente dei por mim, te dando beijos quietinhos, pensando versos que faria quando da inércia, depois do amor.
E o café deslizou em mim, como a chuva
o faz em avencas.
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