DEPOIS DO AMOR?
Edson Campolina


Depois do amor?
Conheci a dor.
Dor de ser só um,
De ter que viver num andor.
Dor de viver no passado,
Cultivando angústia e rancor.
Dor de latente pujança
Que acordou minha inocente criança.
Dor de perder meus nortes,
Que me fez invejoso do forte.
Dor da ilusão d’um Quixote
Cavalgando na noite, sem sorte.
Dor de descobrir que Esperança
É um pássaro errante, sem confiança.
Dor d’um futuro incerto,
Que me fez perder o teto.
Dor d’um vício perpétuo,
Que aprisiona meu coração neste féretro.
Dor d’um eterno navegante,
Perdido na desilusão do infante.
Dor d’uma eterna querença
Perdida na escuridão da ausência.
Dor do suplício do mártir,
O que fica ou o que parte.
Dor de ter a onipresente senhora Saudade,
Assombrando a noite e o dia desta cidade.
Dor d’um beijo esquecido, d’um abraço vazio,
Outrora a me mostrarem sentidos.
Dor hipócrita, que zomba no espelho,
Deste escravo sem senhora, em desespero.
Dor da melancolia d’um chuvoso dia,
Que em nossas auroras acariciava nossa fadiga.
Depois do amor?
Só conheci a dor.

 

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