CRISE?
Ana Terra
Aperto no peito. Expressão banal. Não encontro outra para definir o que sinto agora. Aperto com significado de fim. Sonhos esfarelados.
Nestes últimos dias fui criança. Adolescente. Tentei ser madura. Lúcida. E me envolvi na ingenuidade.
Vi cada pedacinho do sonho escapar pelo vão dos dedos. Um a um. Devagar.
A criança tentou repor o que estava indo embora. A adolescente não percebeu. A adulta sentiu o início do fim. A lúcida entendeu. E sofreu. Foi ingênua mais uma vez.
Chove muito. As ruas se transformaram em corredeiras. Olhei por um buraquinho. Vi o sonho pegando carona na água. No desespero de partir não percebeu as finas arestas Explodiu em silêncio.
Amanha trancarei o canto onde deixei meus sonhos guardados na minha última passagem por aqui. Ficará tudo vazio. Sem vida. Sem sorrisos.
As chaves ficarão numa nuvem cor de rosa.
Mais uma fase terminada. Etapas iguais às outras que já vivi. Cada uma com seu encanto e sua dor.
Sei que voltarei. Com outros sonhos na bagagem. Minha fonte se recusa a secar.
Ingenuamente pensei que apenas montanhas nos separavam. Hoje vejo que não. Há abismos. Grutas escuras. Dois corações feridos temendo entre si.
E o halo da Lua? Por que me fez sentir presa?
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