EU ERA A PEDRA
Vera Vilela
Inspirada na poesia de Drummond No meio do caminho
Eu era pedra,
E jazia ali a beira da estrada.
Chutada que fui,
Permaneço ali,
Imóvel, é claro!
Calada, é lógico!
Como toda pedra o é!
Às vezes um carro de boi passa,
em outras apenas cavaleiros.
Crianças correndo.
Cachorros famintos.
Passam, passam, e se vão.
Vez por outra uma amiga vem voando
Bate em mim e me tira do lugar.
Com sorte volto ao meio do caminho.
Até que um senhor passe e diga:
Tem uma pedra no meio do caminho e
Me chute de volta ao meu canto.
Fechando assim um ciclo.
Espero, espero e me espanto!
Terá vida melhor que a minha?
E me encanto!
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