DESPERTAR
Ly Sabas

 

Seus cabelos derramados no travesseiro são capturados pelos raios ainda fracos do sol, que entram pela janela. Os fachos luminosos deslizam, voluptuosamente, pelos fios dourados.

Recostada nos travesseiros, desenho com a alma cada pedacinho dos seus ombros. Um leve revirar de braços, e o lençol oferece seu dorso nu ao meu contemplar. Os dedos formigam de desejo pela penugem brilhante. Os joelhos suplicam permissão para empuxar mais um pouco o tecido colorido.

A brisa suave que balança o cortinado, com leve sopro desnuda suas pernas. Viras de lado, talvez incomodado pelo brilho do sol, ou atraído, como um imã por meu olhar. Ainda dormes...mas os lábios exibem um sorriso terno.

Em silêncio, escorrego até emparelhar meu corpo ao seu. Deixo o sol também me banhar, a brisa beijar-me e com indolência, faço o lençol do corpo resvalar.

Nua, abraço seu corpo e ainda em sonhos, encaixas suas pernas entre as minhas. Beijo suas pálpebras, tão suavemente quanto asas de colibri. O primeiro sinal de que despertas, é a pressão suave em minha nuca. Aninho-me em seu peito forte, e o amor explode sufocando-me à garganta. Adivinhas, compreendes e compartilhas. Sabes que é a tenuidade sutil do enlaçar dos corpos, a singeleza do pulsar dos corações em uníssono, a castidade do amor puro e sincero, que desejo neste despertar.

 

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