QUASE
SILÊNCIO
Francisco Pascoal Pinto de Magalhães
ajo sempre na calada: ao silenciá-lo - infame trocadilho - usei do silenciador para abafar seus possíveis ais. quem cala consente. creio que calei-o mesmo sem o seu consentimento. deu com a língua nos dentes de porcelana recheados de amálgama e assinou sua sentença, o iscariotes.
às três da madruga o tempo lá fora contradizendo as previsões meteorológicas, entro sem bater, sem pedir licença, para sua surpresa e pavor. estampado no rosto ao me reconhecer um quase-pedido de piedade. a clinica vazia àquela hora erma.
a mão traiçoeira sob a mesa alcança o cabo madrepérola de uma pistola.
"ploft!". sou mais rápido e preciso.
na parede o pôster da enfermeira com
o indicador nos lábios sensuais pede silêncio. saio furtivamente.
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