SILÊNCIO
Elaine Brunialti
Quando pensamos em silêncio imediatamente o associamos a ausência de ruídos, alguém calando ou calado ou o ato de pedirmos para alguém calar. Mas, ainda que tenha tantas definições, não creio que o silêncio realmente exista a não ser no vocabulário, na definição do dicionário e na alma do poeta.
Se o silêncio faz parte de um poema triste, trará lembranças de alguém, de algo ou de um tempo; e estas lembranças ecoarão dentro de nós mais alto do que os tambores do Olodum, quebrando definitivamente qualquer sensação de silêncio.
Se ele está contido em um pedido de silêncio, em qualquer circunstância ou em qualquer que seja o lugar, certamente o muxoxo de alguém poderá ser ouvido.
Caso procure o silêncio na natureza, perceberá o quão inútil é esta busca ao se perceber rodeado da maior quantidade de sons e ruídos que possa imaginar. Em seu silêncio a natureza lhe dará o canto dos pássaros, o piar das corujas, a rebentação das ondas do mar, o sopro do vento, o uivo do lobo, o suspiro de saudade.
Ao buscá-lo na meditação, pobre de ti! Esse tentar silenciar a mente faz com que todos os pensamentos, geralmente os piores, renasçam e morram e tornem a renascer e morrer novamente, centenas de vezes, feito fantasmas que teimosamente arrastam suas correntes quebrando o tão procurado silêncio até que se desista de tal intento definitivamente.
O silêncio dos apaixonados, bem este realmente não existe , pois aonde existirem enamorados poderemos, com certeza absoluta, ouvir as batidas descompassadas de seus corações.
Nas grandes cidades, bem não há necessidade de se comentar, não existe utopia maior do que acreditar que esse tal silêncio existe.
Assim sendo, nem sei porque estou aqui tentando, inutilmente, escrever sobre o silêncio e o que ele pode trazer ou fazer por nossas vidas.
Afinal ele só existe na alma dos poetas,
o que certamente eu não sou, assim nada me resta a não ser silenciar.
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