SILÊNCIO CONFUSO
Ana Terra

A tempestade lava a Natureza com fúria. Quer um trabalho perfeito. Pede ajuda ao vento. Risca o céu com raios. Trovões estremecem a casa.

Estou só. Os vidros das janelas estão embaçados, como minha visão. Uma vontade louca de mergulhar na tempestade. Ser levada pelo vento. Ter os olhos ofuscados pelos raios e sentir meu corpo estremecido pelos trovões.

Simplesmente ir. Cega. Sentir a ira da tempestade. Quero que minhas emoções sejam reviradas até não saber mais o que sinto. Entrar no turbilhão.

Sinto inveja da tempestade. Ela sabe como será seu fim: a calmaria ou talvez uma noite clara e estrelada. E eu? O que sei? Quero ficar em estado de ebulição junto com a tempestade sem saber para onde vou.

Tenho medo do som do silêncio. Talvez minha visão fique muito clara e saberei definir o que minha alma sente.

No chão um livro de poemas. Na contra-capa a foto da poeta em preto e branco. Olhar ambíguo.

Leio seus versos e me pergunto: será que eles nasceram em momentos de confuso silêncio?

 

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