EM PEDAÇOS
Bruno Pessa

Era um todo de vidro, único, mono,
Sempre o mesmo, fosse ou viesse.
Um dia resolvi me quebrar,
E me atirei da familiar estante dos primeiros anos.
A queda ganhava força, como é em qualquer canto,
Até encontrar o momento da separação
- E acho que nunca mais me junto de novo.


Cada caco ganhou vida inédita,
Explorando atalhos, entre cadeiras nunca d’antes contempladas.
Segui estilhaçado por azulejos inteiriços,
Vendo-me pequeno, mas sem me vender pra primeira lixeira,
E assim me mantenho sem mais nada a perder.
Se um dia quiserem juntar meus pedaços,
Direi que é tarde para chorar o copo derramado
- Acho que nunca mais me junto de novo.

 

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