O QUASE AFOGADO
José Luís Nóbrega
Afundei a cabeça n'àgua
Sem vontade de voltar.
Não mais queria ver
Minha face patética,
Anti-social, antagônica,
Mesquinha, que naquele
espelho cristalino brotava.
Afundei uma, duas,
dezenas de vezes...
Meu rosto emergia sublime,
Purificado,
Sem marcas, defeitos,
Rugas...
Eu... não me era eu.
Afundei, afundei e afundei
E afundei e afundei...
Por instantes fiquei sem respirar.
Depois de rever meu desprezível rosto,
Senti que jamais iria mudar.
Ao fundo os peixes riam com gosto:
Assim, esse babaca nunca vai se matar.
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