DEIXA EU ESCREVER O PREFÁCIO?
Bruno Freitas
Eu queria escrever o prefácio para a nova Antologia de Contos e Crônicas dos Anjos de Prata. O porquê disso tudo é simples, já que todos escritores do prefácio jamais se preocuparam em realmente ler todas as crônicas ou contos pra comentá-los. Não era preciso ler o texto integralmente, mas apenas umas linhas pra ter uma idéia geral do assunto, e do modo como foi abordado. Não era preciso mais que isso... Mas acho que era imprescindível haver o comentário sobre todos autores.
Vocês imaginem a frustração do pobre escritor, que tem de contentar-se em publicar coletivamente, mais pela falta de grana, como também pela alegria de compartilhar as páginas com autores tão talentosos. Mas imaginem só, este pobre autor ao receber no conforto de casa suas vinte cópias da Antologia, e deparar-se com um prefácio onde não é mencionado? Mas que falta de prestígio, hein, Zé Mané... Será isso uma forma de preconceito enraizado contra as obras deste pobre autor?
Sejam solidários com este pobre cronista, ou até mesmo, contista, porque no próximo prefácio podem ser qualquer um de vocês. Por isso, eu prometo que na minha gestão, mencionarei o nome de todos envolvidos, e farei questão de haver algum comentário sobre sua obra publicada. Há de ser um prefácio igualitário e justo.
Prometo que enquanto eu tiver esta missão! Levarei à gloria cada um de vocês, nobres Anjos de Prata! Prometo que serei imparcial e elogiarei a todos, sem distinção de cor ou credo. Prometo ser justo com todos os textos. A única coisa que não prometo é ler todos na íntegra. E talvez tivesse sido melhor não ter dito isso. Sei que se alguma outra pessoa escrever o prefácio, será por causa destas palavras impensadas. Mas acontece que eu tenho um bom método para comentar os textos sem ter de ler-los na íntegra. Era melhor esquecer este assunto... Vamos! Esqueçam que eu disse isso...
Eu só queria escrever o prefácio... Resolver a equação de cada texto inscrito na antologia, somar, multiplicar, tirar a raiz quadrada de todos e colocar num caldeirão de letras, pra depois ir ao forno e preparar o delicioso prefácio. Um prefácio com P maiúsculo! Um prefácio de responsabilidade, de respeito, e macho pra cacete.
Eu só queria escrever um prefácio... Um prefácio que mencionasse o nome de todo mundo, e que fosse sem sobra de dúvida, o melhor prefácio de suas vidas. Porque eu me preocupo com o pobre autor desesperado por ler seu nome entre os indicados ao prefácio... Um prefácio que seja mais um concurso sem resultado, um edital, uma concorrência, uma licitação, ou seja um prefácio... Quero que o pobre cronista leia seu nome entre os selecionados. Quero ver todo mundo na festa do prefácio.
Eu só queria um prefácio que ao invés de privilegiar uns poucos, colocasse todos juntos no pódio da satisfação pessoal, ao ler seu nome entre os que passaram no vestibular da Antologia dos Anjos de Prata. Um prefácio dos sonhos... O prefácio!
Eu queria poder escrever o prefácio, nem que para isso eu tivesse que mentir minha idade, inventar um heterônimo, pseudônimo, e até falsear minha identidade, porque este aqui que vos escreve é ninguém menos que Paulo C. Oelho...
Eu queria tantas coisas em relação à Antologia de Contos e Crônicas dos Anjos de Prata, que me contentaria em apenas escrever o prefácio. E por falar nisso, será que a gente podia mudar a capa, hein? Pois essa já encheu um pouco meu saco, sem falar na confusão que é ter livros parecidos, mas completamente diferentes. Se não der tudo bem....
Mas será que eu podia escrever o prefácio?
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