PARADOXO DO
AMOR
Elaine Brunialti
Odeio, simplesmente odeio o amor.
Sentimento utópico com o qual norteamos nossa vida.
Antagônico ao que se prega, o amor só atesta o quão dependentes somos do torpor que ele nos impõe quando nos dizemos amando.
Ora, o amor não passa de um abutre falastrão, cheio de malícia, que corrompe e que seduz.
Quando consegue ter a suas mãos ou a seus pés, o que ou quem quer, sufoca, pisa, quer mudar, chutar ou joga fora, chegando a matar.
Esse é o tal amor que envolve sua presa numa teia de plena imbecilidade, onde os olhos são vendados, a boca amordaçada, o cérebro corrompido, a alma roubada.
E não pense que é o amor
entre o homem e a mulher apenas, é também o amor entre pais e
filhos, entre amigos, entre o homem e seus objetos de desejo, entre o homem
e seu Deus.
Perceba, quanto o amor é cruel.
Quando se ama alguém ou algo, o primeiro sentimento é o de posse, quero aquele ou aquilo.
Inicia-se então o preparo para guerra da conquista.
Seja conseguindo o dinheiro necessário para comprar o seu amor material momentâneo ou o planejamento estratégico da conquista do amigo, do amante, ou ainda para guerra da separação, pois o amor também segrega, o amor é ciumento.
Amor que se instala na alma, geralmente,de forma sutil e leve, vai se enraizando, se mostrando aos poucos e quando se percebe, já é tarde demais.
Uma vez instalado vem aquela sensação de prazer, de plenitude, de alegria incontida, seja pelo outro conquistado, seja pelo Deus encontrado, pelo filho nascido, da coisa comprada.
Ah! O prazer do ter! Eis o Amor norteando tua vida.
O ciclo de algo que não existe e ainda assim te mantém sob total domínio o tempo todo. Duvida?
Veja:
Você nasce do amor de teus pais, que provavelmente em algum momento da vida não se suportarão mais, entretanto viverão juntos dizendo que se amam.
Você proclamará o amor em nome de Deus que criou o mundo para você, que por amor a você, doou à morte o próprio Filho, julgado culpado por pregar o amor e que ainda pediu perdão por você e te absolveu os pecados.
Por amor você se endividará, quem não teve um amor louco por algo inacessível.
O amor predispõe à estupidez, a insensatez, à loucura, à quimera.
O amor é fugaz, ardiloso, perverso,
cruel, mentiroso.
Dúvida? Faça uma reflexão livre e profunda.
E verá que apesar de tudo, não somos e nem seremos nada sem ele.
Assim, deixo aqui meu testemunho: Amor, um
mal necessário.
Para voltar ao índice, utilize o botão "back" do seu browser.