TEREZA DO CENTRO.
Iosif Landau
Santos Dumont, ponte Rio - Niteroi, Perimetral, carros indo e vindo, céu azul, mar também, segui com o olhar as manobras do Electra ...desisti da janela...peguei o elevador, térreo, aguardei, criei coragem, parti, o calor bateu forte, comecei a suar, contornei o banco Safra, rua da Candelária...lixo, catadores de restos, me irritei, detestava mendigos...acendi um cigarro, dobrei na Buenos Aires , contornei o edifício da Sul América...rua da Quitanda...mar de gente, esbarrões, cutucadas...desculpa!...não há de que!...vá à merda!...saco!...pingos dos aparelhos de ar condicionado, nojo, manga da camisa para limpar...arrombado!...arrombado tua mãe! chutei o tabuleiro do camelô, mercadorias se espalharam no chão ...encostei, carro forte tirou fino...rua de pedestres, puta que pariu!...dobrei na 7 de Setembro, empurrão...não pode ficar parado aí, moço !...não enche ! a velha não ligou, segui caminho, acendi outro cigarro, tropecei numa moto estacionada, merda! o joelho doeu, chutei as outras quatro enfileiradas, nada aconteceu, nenhuma tombou...efeito dominó? porra nenhuma...fedor, liquido cinzento aos meus pés, fezes navegando, pulei por cima, metros adiante a Rio Branco, segui com calma, a camisa colada às costas, parede humana, aguardei o sinal verde,office - boy à frente, monte de papel debaixo do braço...quantos bancos tu já foi?...três, dois ainda pra batalhar...sorriso, tapa amigável nas costas...vá em frente, garoto!...relaxei, olhei ao redor...ela...cabelos escorridos, tez morena, pescoço de cisne...meu olhar fixo na nuca...vai virar a cabeça, vai...olhares cruzaram...que corpo bonito / que pele morena / que amor de pequena... virou - se em direção à Avenida...ela tem nariz levantado / os olhos verdinhos, bastante puxados / cabelos castanhos / e uma pinta do lado / ela é a minha Tereza...espremido, sufocado...essa merda de sinal que não...me olhava, sorria...ela é minha Tereza...me aproximar ? impossível...sinalizei com a mão, soletrei mudo, exagerei o movimento dos lábios...te en - con - tro do ou - tro la - do...ela riu...um olhar , um sorriso, um aperto de mão...verde...empurrado, me levaram para o outro lado da Avenida...virei a cabeça, não a vi...droga, ninguém some assim, ilusão?...rodei pião...não posso perder minha Tereza do Centro...nada...vamos a Tereza da praia deixar / nos beijos do sol /aos abraços do mar...vontade de desabar em choro ...Tereza, Tereza, preciso de você...me aprumei, segui até à galeria da Casa Masson, entrei, desci ao sub - solo da Gramophone, ar condicionado...
Tereza !
como sabia?
vivo sonhando com você!
cantada?
obsessão!
loucura!
...o verão passou todo comigo, o inverno...também!
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