CHEIRO INEXPLICÁVEL
Husky
Por um tempo aquilo havia desaparecido. Eu nem lembrava mais que existia e que tinha um poder tão grande sobre mim. Talvez a correria do cotidiano anestesiou meus sentidos, acalmou meu coração.
Não sei dizer como voltou. Nem bateu na porta para avisar. Eu simplesmente senti. Senti que tudo voltava a ser como era antes. Os sentimentos, as inseguranças, a ansiedade de ser notada e satisfazer. Sim, todo aquele turbilhão de emoções voltou só por causa daquele cheiro. Um cheirinho assim mansinho, matreiro que perturbava meu coraçãozinho.
Achei que tivesse superado, mas o cheirinho dele não me deixou esquecer. Não era colônia, não era perfume, não era amaciante, não era desodorante. Muito menos Axe.
O cheiro vinha dele, da pele dele. Uma pele tão branquinha - ficava uma pimenta no sol. Mas eu tinha medo de tocar. No passado, quando criei coragem e me declarei, me respondeu que éramos apenas amigos e o pior, me considerava como sua irmã. Na época tentei de tudo. Fui uma boba em acreditar que podia faze-lo mudar de opinião. No entanto, sempre fui muito teimosa e romântica e não queria encarar aquela resposta de maneira definitiva. Mandei email, mandei chocolate, escrevi poemas, só não mandei flores (talvez ele gostasse de flores). Tudo em vão. Ele foi mais teimoso do que eu.
Um belo dia apareceu com um sorriso de uma orelha a outra dizendo que estava namorando uma caipira. Não conseguia entender o que ela tinha de especial. Ele nunca falou para mim sobre ela. Deve ter sido em sinal de respeito... Melhor pensar assim.
Enfim, desisti do sem-vergonha. Achei que
estava curada. Mas o danado do cheirinho dele veio me perseguir novamente. E
passou dele para mim. Agora não devolvo mais.
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