CARTA AO BEIJA-FLOR
Olívia

Beija-Flor,


E desde que parti, como flor, de teus beijos, estou febril.
Em maio os dias são tão lindos, meu amor... o sol nos visita bonito, e o céu põe o seu vestido azul mais belo. E o vento traz cheiros de saudades.


E desde que parti, como flor, de teus beijos, eu sou medo. O gosto que mais sinto é o sal. E aguardo o milagre das milágrimas, as de Alice*. Não consigo mais, aos ouvidos de ninguém, balbuciar meus planos. Estou míope e não ponho mais a linha na agulha de costurar a vida em número par.


E desde que parti, como flor, de teus beijos, eu tropeço nas ruas, de tanto olhar estrelas gordas e fazer pedidos e promessas. Não ouço mais as nossas canções de amor. Nem as que você me apresentou, nem as que eu descobri. E hoje, eu sinto saudades do mar. Daquele mar.


E desde que parti, como flor, de teus beijos, eu resisto. Eu espero a fruta verde madurar, para oferecer-te doce, firme e saborosa. Num prato grande, com pétalas vermelhas.


E eu tenho desesperado algumas vezes. Sim, eu tenho. Porque a vida é muito mais terna quando as tuas mãos seguram as minhas. Mas o frio logo cessará.


E o resto, meu amor, eu não sei como dizer...

*"A cada milágrimas sai um milagre" (Alice Ruiz)

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