DANÇA DAS HORAS
Leila de Barros

A mim, meias palavras já não bastam
Nunca fui bom entendedor
Já os gestos me convencem
Deixo-me seduzir por toques
E permanências

Muitas vezes, em suas ausências
Não sei o que vestir em minha alma
Uma vez que só desejo mesmo
Desnudar-me da saudade
E enovelar-me em seus mantras

Não sei o que escrever nos e-mails
Uma vez que só sinto vontade
De observar da sua janela
Se o seu vulto vem chegando
Com a dança das horas

As palavras viram solfejos
As vestes se travestem
O tempo brinca de pingos de chuva
Não sei o que dizer
Quando você ocupa o vazio
Da minha saudade


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