ARABESCO EM SONHO
Juraci
Não sei como lhe dizer o tamanho da
minha alegria. Parece-me que a corrente que me prendia partiu jogando todos
os seus elos, abismo abaixo. Não sei como lhe dizer, leitor amigo, mas
a minha janela se abriu. Abriu-se com novas cortinas, muitas cortinas rendadas,
azuis, amarelas, choque, brancas, transparente, mil cores. As negras se foram.
Vejo a aurora que se desponta clareando o meu jardim que há muito tempo
se tornara negro, cheio de dificuldades, de desafios.
Contemplo a lua não eclipsada, gorda, bonita, cheia de raios de luzes
bifurcando as calçadas, as sombras das árvores frondosas e até
meus pensamentos. Pensamentos que transitam entre o céu e a terra, com
leveza nas asas do vento, celebrando a vida da qual agora faço parte.
Participo dessa vida de renovação, de celebração.
Meu Deus, como é lindo este momento!
Até a noite preguiçosa se espia, não quer dar lugar ao
sol. Está realmente linda e procura prolongar sua partida. Enquanto isso
me emprenha a energia lunar. Encanto-me ante o desfile dos pássaros que
em revoada, regressam de suas aventuras. Também, como eles, alcei vôos
em busca de aventuras. Consegui algumas declinei noutras. Muitas quedas levei,
mas tive força suficiente para me levantar e até cair de novo.
Sim, cair de novo. Quantas mãos me empurraram para o precipício
e quantas mãos me arrancaram de lá. Muitas mãos... O mundo
é cheio de peripécias e armadilhas. A vida está a me oferecer
um mundo diferente, de alegrias, um arabesco de sonhos. Sonhos que me embalam
e me oferecem taças de felicidade. Sôfrega me rendo a este encanto
único.
Não sei como lhe dizer, leitor, mas a luz do dia já entra pela
minha janela, ilumina todos os cantos do meu quarto e da minha alma. Lá
fora, muitos coloridos na natureza. Mas preciso fechar esta janela fictícia,
de sonhos e, voltar à realidade que me espera. O dia amanheceu e só
sonhamos a noite.
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