NOMEIO MISTÉRIO SEMÂNTICO NO MEU MINISTÉRIO ROMÂNTICO NO MEIO
Edison Veiga Junior

Mas eu não sei como dizer o que sinto. Assim: falta-me o ar, perco os pulsos, meu corpo desfalece... Refém de seus sonhos, vítima voluntária de seus anseios, coadjuvante de seus planos, protagonista de suas curvas. Indo e vindo, vivendo, voando.

Ainda me faltam, porém, as palavras certas para dizer a ela o que sinto. Não sei como dizer: os verbos exatos perecem, os substantivos abstratos desaparecem, os advérbios não têm a intensidade de que preciso, os numerais não satisfazem. Ah, quem dera eu fosse poeta de verdade e soubesse escrever-lhe o que ela tanto merece. Escrevê-la, quiçá.

Uma palavra apenas eu queria, uma palavra. Traduziria eu em uma palavra tudo o que sinto, quero dizer e não consigo? Existe tal palavra perfeita? As minhas inquietações caminham sozinhas pelo vácuo intransponível do silêncio, sem eco, sem resposta.

Mereceria eu um amor que, de tão grande, sou incapaz de definir? Ouso perguntar, quase que por acaso.

Mas é silêncio, sempre silêncio que encontro, ainda que no sorriso da amada. Um silêncio que arranha, quase um barulho mudo. Isto é: um violão sem cordas, um coral de surdos, um quarto sem cantos, uma cor cega, um triângulo de uma reta só.

(...)

Tem sim a palavra! Ou a palavra não seria, simplesmente, amor?


 

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