OLHOS
DE LUA
Larissa
Schons
Os
homens a priori afirmam não entender as mulheres e não cansam de argumentar
que as mulheres são seres muito complicados. Não vou negar que somos
complicadas, mas também somos extremamente complexas, como vocês, homens. O
certo é que o ser humano só adquire a complexidade na sua forma especificamente
humana de se relacionar e manter a relação com os outros. Não pensem
que tenho como objetivo fazer uma análise sobre a complexidade humana,
apenas cabe ressaltar ao leitor que a complexidade não está na natureza
em si, mas na relação com os outros. Que fique claro: homens e mulheres
tornam-se complexos relacionando-se, somos interdependentemente complexos. Dessa forma, a complexidade
feminina não pode ser encarada como um fardo, pois a "me culpa"
nas relações, cabe aos homens também. Apurado
os trâmites que regem a complexidade humana podemos cogitar sobre a
difícil arte da compreensão feminina. É claro, evidente, a ligação que
se faz do que é complexo com o que é complicado. Realmente tudo que
é muito complexo é difícil de se entender. Ainda mais quando, nas visões
masculinas, há muita racionalidade e pouca passionalidade. Os
homens para entender as mulheres deveriam afrouxar as rédeas, curvar-se
às delicadezas, envolver-se na poesia, pois entender as mulheres é como
entender a lua. Somos
todas volúveis como as fases da lua. Somos muitas e nada ao mesmo tempo.
A Nova e a Cheia se misturam entre nós. Podemos acordar magras e anoitecer
gordas. E ai de quem falar que estamos gordas! Saibam homens,
temos um Cachinho de Ouro e uma Gata Borralheira prontas a revelar-se
a qualquer ato dito (maldito). Podemos lutar por uma razão e morrer
por uma paixão. Crescemos e minguamos como as fases da lua. De menina
moça a mulher fatal. E de mulher fatal ao pré-natal. Somos mutantes
e férteis como as fases da lua. E para desespero masculino podemos enlouquecer
os homens, seduzindo-os, pois temos o mistério e o fascínio como as
fases da lua. Se por hora fica difícil entender nossa voluptuosidade, melhor seria juntar-se a nós. Gozamos a paixão de fêmea, gozamos o amor de mãe. Buscamos a presença masculina para completar nosso ciclo e complementar nossa relação. Para entender, basta ver o que não se enxerga e o que não se enxerga, basta ver nos olhos de lua de uma mulher. |