UMA CANÇÃO
DESESPERADA
Mariazinha Cremasco
O
amor não quer saber destas vilezas
Soberano e senhor
Corte e grandeza
Tua estrela e teu pão
Tua surpresa.
(Maria
Helena Bandeira)
Devolve
A serenidade que me tiraste.
O respeito que um dia tivestes por mim.
O amor que sei que um dia tive de ti.
O olhar carinhoso, os pequenos gestos.
As doces e poucas palavras proferidas,
e que agora saem de tua boca
como larvas amargas e quentes,
ferindo-me
mortalmente.
Joga fora
Tua cólera, tua ira.
Teu desprezo, tua indiferença.
Teu orgulho.
E fala comigo.
Se, com esse pedido, julgas ainda que não mereço
nada,
então não sou digna, mesmo, do teu
carinho, do teu amor, do teu respeito.
Mas, ao menos te peço que revejas
no fundo de tua alma, no fundo do teu coração,
se eu sou essa pessoa que julgas.
Não sei o que te leva a agir assim comigo.
Mas sei que sofro.
Indiferença mata mais que ódio.
Nesse caso, vejo os dois: indiferença e ódio.
Aqui, juntos, no mesmo abrigo, no mesmo lugar
onde fazemos nosso pouso, nosso repouso,
nosso refúgio, não é possível
que te sintas bem
da maneira como ages comigo.
Meu amor por ti é intenso e sempre será.
É a mais difícil forma de amar, a incondicional.
Ele existe há mais de vinte anos.
E viverá para sempre.
Acontece, meu filho...
que meu amor é imortal, mas eu não.
Prefiro a morte, à angústia de viver dessa maneira.
Devolve-me a paz.
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