DESAFIO
DA TELA
Ana Terra
Sei onde colher flores, mas não conheço os atalhos. A tela branca me desafia. Sem setas ou indicações. Ao meu lado, tintas e cores. Pincéis de todos os tipos e texturas.
Observo modelos existentes. Percebo seus ciclos. Mas, na minha loucura, isso não me satisfaz. Quero eternizar. E sei onde posso, mas os atalhos...?
Penso. Tudo tem um início. O meu está na tela, palheta, tintas e pincéis.
Os primeiros traços são frágeis. Tímidos. Cores não definidas. Insisto debaixo do céu azul.
Fecho os olhos e dou liberdade às minhas ferramentas. Telas e telas são preenchidas por flores da minha imaginação.
Não sei se estou no atalho certo, mas decido viver entre elas. Materializo o meu mundo. Invento flores e perfumes. E ali fico. Por muito tempo. Não sei se sou feliz. Esqueço a infelicidade. A angústia. A solidão da caminhada.
Sinto que chegou o dia. Meu corpo se fundiu com as flores. Mergulho na tela branca. Esqueço-me da estética. Observo a obra pronta. Finalmente consegui materializar o eterno. O meu mundo.Observo que gotas de tinta caem no chão como sementes. Fecho os olhos e fundo-me com tintas e cores. Deixo minha herança: outros saberão onde encontrar flores imortais .
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