Teria sido preferível que você tivesse ido embora.
Seria tão fácil, bastaria bater a porta e jogar a chave
no fosso do elevador.
Essa dor persistente já não existiria, teria definhado
em horas de solidão,
em lembranças rasgadas, em destroços irreconhecíveis.
Esse cobrar não regurgitaria, teria sido expelido
no instante do bater da porta.
Mas não foi você quem fez a mala;
e trancafiou nela mágoa e incompreensão.
Nem foi você que em cada cômodo catou um pedaço
procurando não deixar em nenhum espaço
sombra sequer da desilusão.
Fui eu quem bateu a porta e jogou a chave
e entrou no carro abarrotado.
Sabendo que viveria minha história;
Agora, profundamente, inteira.