MUNDO INCOLOR
Rafael Diniz Marques Gontijo
Mundo azul! Mundo incolor por onde passeio com minhas calças desbotadas. Mundo de sonhos. Pontes para a desilusão, pensamentos perdidos. O sonho é branco. Mundo de humanos egoístas, máquinas de carne sem cor. Até o amor é egoísta.
Mundo de elementos incolores. Mundo da água inodora, insípida, incolor. Água que uso para molhar minha gasganta e encher meu estrôbago. Limpar meu dialeto analfabético.
"menino, vá para a escola ou o contrário, sua vida perderá a cor"
Cidade cinza, monocromo, estúpida, intricada, incolor.
Trabalho sem cor. So-cor-ro.
Até o amor perde a cor. Egoísta, posse.
Passado sem cor. Cor-onéis incolores. Cor-netas.
Cores no mapa. Montana é roxo. Nevada é verde. Por que não branco como a neve? Ah! Deve ser porque o branco é mau.
Negro incolor. Branco ruim, sem cor.
Vamos colocar o preto no branco. Vamos colar, cor, um colar incolor.
"Vamos rapaz, mude o mundo, cor-ra para o cor-reio mais próximo e diga ao mundo inteiro sobre o elo de cores". Humanos sentem que algo se perdeu.
Adormeci. Bege. Me benze. Nossos quatro elementos básicos. Fumaça, esgoto, entulho, palavrão.
Mundo azul. Mundo escroto. PUTA QUE PARIU.
Mundo de merda. Use sua massa cinzenta e pense. Onde está aquela safada da Íris quando mais se precisa dela? O arco virou grade. Fechou em cima dela logo quando ia descer para salvar o mundo. Morreu. Vermelho molotov.
Mundo azul. Mundo de pedras, papéis e tesouras.
Ingratas todas as cores fosforescentes que não precisam do calor do vermelho para brilhar. Nem percebem que o momento é bege e
cinza (como aquela que cai do cigarro). Como não pensei nisso antes? O vício é bege.
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