FIM DE
ANO, TUDO FINDA
Míriam Salles
Fim de ano é tempo de repensar a vida, fazer novos planos para o novo ano que a gente sabe, mesmo com toda a boa vontade, será quase idêntico ao anterior.
Fim de ano é tempo de reavaliar o futuro.
Neste fim de ano, 45 anos passados, é tempo de repensar os filhos. Tentar ensinar a eles, enquanto ainda posso, que a vida não é bem aquela que lemos juntos nos livros. Que na vida encontraremos pessoas que, não sabendo resolver a própria vida, vivem de maldar a dos outros. Que para viver há que se ter muita coragem, muita audácia. Há que se enfrentar as regras buscando dentro de si a ética para não fugir do caminho. Que no caminho há pedras. Algumas que chutamos, outras das quais nos desviamos. Que algumas pedras, mesmo estáticas, nos incomodam tanto que parecem que andam ao nosso lado. Há que se perceber, e deixar que fiquem para trás, ignorando até sua sombra, mesmo nas tardes quentes quando o sol as estica quase até o infinito.
Neste fim de ano quero estar perto de cada um deles para aprender o que sabem e que não sei. Para ensinar o que sei e que não sabem ainda. Para aprendermos juntos aquilo que vale a pena. Quero olhar nos olhos castanhos, melados como os do pai, estabelecendo um elo, um circulo forte que nos sustente se um de nós quase cair.
Neste fim de ano quero estar rodeada de gente que optou por ser diferente. Gente que acredita em gente. Gente que sabe a diferença de ser gente. Gente como a gente.
Neste fim de ano (e sempre), quero poder ver que no caminho há mais flores que conseguimos colher, mais vida que conseguimos viver, mais ar que conseguimos inspirar. Que é tudo uma questão de saber reconhecer.
Fim de ano, tudo finda.
Finda com festa e folia.
Finda trazendo a esperança
de poder recomeçar.
Num novo ano,
em nova sintonia.
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