ÉTER
Luciana Pareja Norbiato

Quase cai ao notar as cortinas trêmulas de vento, noite que vai longe, ela sente o murmúrio da última lágrima em sua cara inchada. Ela está bem. Porque sabe ser triste e deixar a tristeza vir, e quando permite seu livre trânsito, a tristeza chega e vai, o cansaço domina, ela dorme tranqüila. Não há como explicar o que sente e tudo que não for sentir plenamente o que lhe toma, o que a invade, é menos e injusto consigo, vai trazer a dor da impossibilidade que é uma dor que não é, algo que não deveria estar ali, causando angústia, que também tem seu tempo. Discorrer sobre si em voz alta, quase como louca, mas não é louca, é. É.

Tudo o que pode é ser e isso basta-lhe. Sabe que a vida é acidente, é um ponto em uma escala incomensurável, eterna e tão maior que não precisa justificar-se. Então, por ser mais um átimo dessa enormidade, também não precisa justificar-se. E é.

A noite se vai nos primeiros jatos invasores, ela é tão delicada. Os raios de sol a agarram e injetam vida em seu corpo dormente. Ela nasce. Ela é..

fale com a autora

Para voltar ao índice, utilize o botão "back" do seu browser.