ANJOS NO ESQUECIMENTO
Fernando Ossuna

Negra noite...
E a sonolenta caneta ainda abraça o silêncio...
Tinta caiu na chuva...
Não sei qual secar...
O grito cego do dia me esqueceu na solidão das coisas...
De tantas e veras coisas...
A quem vou consolar?
Deserto é burro!
Uma besta o percorre...
Percorre uma estrada que subiu pro céu...
Eu acabei caindo no destino...
Fiquei sábio
Beijei a loucura para ser apanhado...
Sinto-me companhia...
Do esquecimento das lembranças...
Era poeira...
Agora é cinza...
Meu amor fugiu com o vento
Escondeu-se no choro...
O querer não me quer mais...
O violão calou...
O coração está sem voz...
Perdi minha vez!
Entanto, mesmo embriagado...
Vou orar pelo anjo que deixou de me guiar...
Que finge na distância...
Mas se prende em minha alma...
Vou tocar...
Tecerei sonhos com os anjos que sempre vi...
Vou clamar...
Na solidão das tantas coisas...
De coisas veras coisas...
Os anjos que oram por mim...
Sejam eles mestres de sonhos...
Guardiões dos segredos que afogam minhas frases...
Um dia... não nessa noite muda...
Mas no milagre de um reencontro...
Vou perder o sono...
Serei dono...
Do corpo mais belo que leva consigo os beijos mais quentes...
Um corpo vestido de nudez...
Um corpo corrompido pela traição do esquecimento...
O corpo do anjo que se foi...
E mora hoje em meus sonhos...
Dilacerando a lama dos meus pensamentos...

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