ANIVERSÁRIO
Júlia Fernandes Heimann

Consulto meu arquivo mental e vejo o dia do meu nascimento. Dizem os parapsicólogos que isso é possível. Vejamos: lá está minha mãe. Pernas abertas em cima de uma cama, da própria residência. Minha avó é a parteira, grande mulher! Um mulherão! Não na compleição física, mas na luta pela vida.

Nasci. Feia, magra e chorona. Sou a sexta filha de um casal de semi-analfabetos. Que felicidade seria para todos se o resultado do parto fosse um nati-morto. Mas não foi. 

Junto as outras cinco crianças que já existiam, cresci. Tento sobreviver como posso; tento ser fera, mas sou apenas uma fera ferida. Quanto ataco, sou mais atacada. Recuo. E assim, se passa minha vida. Hoje, é o dia do meu aniversário. Tudo bem. A vida é luta renhida, disse o poeta! E eu estou rendida! 

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