OLHAR DE ESMERALDA
Leila de Barros

 

Havia vestígios em mim
De acidentadas marolas
Pássaro enroscado em rabiolas
E você chegou mesmo assim
Sem embargos, nem placidez
Não era deserto, nem aridez
Um pouco oásis e miragem
Com olhos de gato selvagem


Veio sem sussurros, nem clamor
E por você fui acordada
Com cachoeira gelada
Textos de Clarice Lispector
Chegou sem mesmidade
Extraviado da rota normal
Ying e Yang na identidade
Sem a doçura de um canavial


E não foi em sua retina
Que achei o assentimento
Para iniciar essa sina
Em ousado atrevimento
Cruzando seu olhar afogueado
Senti um sinal verde acenar
- Embora tão arriscado
Que eu poderia avançar


Hoje seu olhar esmeralda
É assim um pecado com calda
Uma sina cor de jade
Que me assusta e invade
E não aprendi em livros
Como me desapaixonar
Nem desviar os olhos mouros
De qualquer sinal de seu olhar

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