O PERDÃO
Erazê Martinho

Enquanto dirige, com a abstinência sexual de uma semana agulhando as entranhas, ele calcula, palavra por palavra, o perdão que pedirá a ela pelas suspeitas, justamente com o amigo de infância, quase um irmão. E principalmente pela covardia e pela brutalidade dos bofetões, antes da saída para o hotel onde se mudou. 

A poucos metros da garagem do prédio onde ainda mora a mulher, um caminhão, em velocidade absurda, desrespeita o sinal do semáforo e atinge o carro, bem à altura da porta do motorista. Choque fatal.

Da janela do apartamento do quarto andar, espantados e curiosos com o estrondo na rua, a mulher e o amigo mal escondem a nudez, enquanto observam o corre-corre das pessoas, lá embaixo, em direção aos destroços do carro irreconhecível.

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