SONATA PARA
O FIM DOS TEMPOS

Sérgio Galli

(ao som do “Quartuor Pour La Fin Du Temps”, de Olivier Messiaen

Céu gris. Entardecer gris. Entristecer gris. Azul alone together. E as borboletas estão voando. Pólvora cinza. Mundo cinza. Homo cinza. Homo demens. E as borboletas voam. Acorde apocalíptico Bosch. Noite transfigurada atômica atonal. E as borboletas batem asas. Melodia melancolia Dürrer. Tinta escarlate mancha história. E as borboletas voam cegas.

Nos escuros escombros explosão. Negro abismo. E as borboletas planam. Flaneur. Não há futuro. Não há saídas. Não há luz. Não há esperança. E as borboletas choram. Choro coda repetições obsessões bolero Ravel. E as borboletas borboleteiam.

Verões furacões inundações predação destruição. E as borboletas voarão. Inverno infernal planeta terra planeta guerra. E as borboletas se extinguirão. Canto acalanto desencanto. Jazz. E as borboletas...

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