GARGANTAS
TRINCADAS
Luciana Pareja Norbiato
Me falta o ar, o céu acima em sol e azul, tudo o que minha vista pode ver então. Me falta o ar, meu pulmão almejando o azul do céu, o sol rugindo às minhas costas, asma, um quase azul de asma, bronquite. Meu medo. Meu ar fugindo como o sol ruge, meu medo, meus joelhos vergados ante o peso de querer ser e não saber o caminho, e exigir garantias impossíveis. Azul, azul, azul, meu medo, minha morte. Azul.
Não saber o caminho: não se sabe caminho algum, o futuro é o azul que se esvai pelo ralo do hoje. Não há futuro. Não há caminho. Há um querer azul e acima de tudo, como o céu banhado de sol, como o ar que teima em me fugir e me sufocar, porque a falta é excesso, porque o ar que me falta no cérebro me sobra no pulmão, vilão mesquinho que teima em segurá-lo até eu me debater no azul da minha dor, apnéia. O azul da lágrima colorida pelo make-up, o kitsch de relance, o desmaio no azul.
A piscina, o sol, o céu, a dor, a respiração suspensa, o azul.
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