FÊNIX
Edison Veiga Junior

Tem sonho que não rende mais poesia. Aliás, tem dia que não rende mais sonho. 

Hoje, acordei estranho. Já não tinha mais brilho no olhar, estava como que um taciturno eterno, senti que jamais retornaria ao riso. O espelho, pela primeiro vez desde que fiquei velho, negou-me mostrar a minha imagem e, por isso, não lavei meu rosto. Mal sabia se ainda tinha meus dois olhos. 

Avaliei minhas posses, calculei minha renda. Sim, se morresse hoje teria como custear o féretro e ainda sobraria um dinheiro para saldar as últimas dívidas. Não, não seria um defunto fardo pra ninguém carregar, isso não. 

- Mãos ao alto! - a vida tomou-me de assalto. Sem muito o que fazer: rendi-me. Joguei a toalha de rendas, o lixo podre, a esperança de morrer logo. Com a vida armada atrás de mim, tive de recomeçar a viver. 

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