DESENCONTRO
Suzana Garcia
Continuei visitando o túmulo de Helena por compaixão .
Amor não correspondido, nem um único diálogo ou palavra para guardar como
recordação, apenas um horário 03:00 hs , quando a conheci e um maldito e incompreensível catavento colocado, sei lá por quem, em seu túmulo!
Foram dez encontros.
Em nenhum deles consegui unir coragem para me aproximar de Helena , mas também não importa, a descoberta de que seu nome era falso me confundiu ainda mais.
Senti pena de mim, tantos desencontros e ainda por cima apaixonei-me por alguém que não existe mais e que nunca existiu.
Continuei visitando o túmulo de Helena por curiosidade.
A procura de um sinal.
Meses após meses, senti todas as estações .
Novamente o inverno.
Num dia, quase em mimetismo ao meio de tanta neve um vulto ajoelhado frente ao tumulo de Helena.
Aproximei-me como quem se aproxima de um felino.
Meu coração acelerou e acelerou e quase não consegui dizer bom dia. Minha expectativa em ver o rosto de quem lá estava era maior que tudo.
Levantou-se calmamente e no mesmo ritmo levantou o rosto. Com os olhos marejados respondeu ao cumprimento.
Acordei no banco de trás de um Buick negro com Helena me observando.Não, não poderia ser Helena! Eu a vi na maca,informaram-me do
enterro, meses e meses visitei seu túmulo e agora Helena, a minha Helena, em carne e osso, em minha frente,com um olhar carinhoso perguntava-me se estava sentindo-me melhor.
Tantos desencontros...
Achei Helena.
Sorri, abracei-a e não perguntei nada.
Absolutamente nada.
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