RESUME, POR FAVOR?
Bruno Freitas
E por falar na incrível capacidade da mulher em alongar-se em cada assunto, demorar mais que o necessário e detalhar cada pequeno acontecimento, seus antecedentes e suas conseqüências.
O que tem de errado com o silêncio? Quanto maior a capacidade de duas pessoas em ficar em silêncio ao lado da outra, maior é o nível de intimidade da dupla.
As mulheres têm a necessidade de contar tudo tim-tim por tim-tim, e ainda entrar em detalhes. Além de tudo isso, relatam estórias sem final, ou com algum final onde nada acontece. Ainda por cima, não se contentam em ouvir a versão resumida dos fatos, após qualquer consulta médica, entrevista de emprego, dia cheio, e até nas mais simples transferências bancárias. Elas jamais se contentam em ouvir um simples: “Foi tudo bem!”. Exigem um relato minucioso, desde seus antecedentes. Querem ouvir desde o princípio: ‘ Aí, eu cheguei...”. Seja lá onde você tenha ido, ou o que tenha feito, desde que possa lembrar-se de tudo nos mínimos detalhes.
Como se não bastassem as práticas de questionários sobre qual era a cor da sala de cirurgia, e quem eram as pessoas que participaram da experiência. Tudo isso é claro, hipoteticamente, porque mesmo que os fatos tenham um fundo de verdade, nunca são como os relatos. Agora, acho que terei de explicar-me. E ainda por cima, nos mínimos detalhes.Voltando ao assunto, as mulheres querem obrigar-nos aos seus relatos de todos os fatos, e ai de você se pedir-la para resumir.
Aí, você se encrencou, meu colega! Jamais! Jamais, peça a uma mulher, que resuma seu relato. Deixe-a falar a vontade, deixe-a com seu catavento circular de idéias e pensamentos, e depois, bem depois, questione-a sobre os pontos importantes do ocorrido. Resumindo: escute apenas as palavras chaves como: “Alguém fez isso...” – “Aconteceu aquilo...” – “Fiz aquilo outro...”.
É preciso exercitar os ouvidos e aprender a reconhecer todos pontos chaves dos relatos femininos. Saber a hora de perguntar o que realmente aconteceu, e escutar comente o necessário.
_ Resume, por favor?
A vontade de pedir isso às mulheres de nossa vida é enorme, mas sua irmã, mãe, e principalmente, mulher, não deve ficar muito satisfeita com sua requisição. Você terá que se acostumar a ouvir atentamente os relatos detalhados das mulheres à sua volta. Esperar sua vez de perguntar sobre tudo aquilo que você já esqueceu, ou quem sabe nem prestou atenção. Habitue-se a ouvir os pontos chaves da conversa, e sua vida será mais fácil. Pois, afinal de contas, seu tempo é precioso demais pra ficar ouvindo relatos intermináveis, que você já bem sabe como vai terminar.
_ Acabou?
Ainda não! Quer dizer... Ela acabou, mas eu não... Imagine que no meio da narrativa, dela, acabe sem aviso prévio e deixe-o com água na boca, exatamente naquela hora em que a conversa começar a ficar boa. “É isso? Já acabou? Assim? Desse jeito?”. “É isso sim! Por que? Queria mais?”. Negue! Não diga isso a ela... Pois, ela irá aproveitar-se de sua inocência e irá iniciar outro relato não relacionado ao assunto que você realmente queria.
Final? Não tem... Todos relatos acabam assim, sem mais nem menos, desse jeito mesmo...
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