TURBILHÃO
Ana Terra

Os olhos verdes estão no mar. Mar de ondas móveis. Está em processo de mutação. Com um catavento na alma. Borboleta saindo da larva e ganhando lindas asas azuis. Deixou as ondas petrificadas e foi de encontro às móveis. Tão móveis quanto suas novas emoções. Catavento girando sem parar. Sem acompanhar a direção do vento. Os olhos no mesmo ritmo da água. Num final de tarde, momento em que ele tanto gosta. Ouço a arrebentação. O som forte de cada uma faz vibrar seu corpo inteiro. 

Está iniciando uma nova história.Dá à luz a cada instante. Um turbilhão de emoções. A recordação de seus olhos naquele fim de dia me volta. Aqueles olhos assustados. Num movimento infinito. Seu olhar está perdido na linha do horizonte. Sei que voltará para as ondas petrificadas. Voltará diferente. Está sendo sacudido pelo estrondo da arrebentação. Está vendo as ondas morrerem na areia. O catavento gira sem governo. 

Que significará esta morte para os olhos verdes? Sinto estar experimentando um vestido novo. Com agulhas e alfinetes espetando meu corpo. Continuo aqui, entre montanhas. Quieta. Parada. Esperando.

A ansiedade cresce. Verei os olhos verdes em breve. Como estarão? O contraste entre as ondas móveis, imóveis e do catavento sacode suas emoções. 

Fico com a lembrança primitiva: sobre a pedra, a criatura com seus olhos verdes E espero. Sei que a pena do pavão tem a resposta, mas não ouso consultá-la. Apenas observo suas nuances colorida provocada pelo vento. Num vai e vem. Como as emoções da alma de olhos verdes.

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