A HORA NONA
Mylena Silva

Sempre buscou formas de fazer o que é certo, o que acreditava ser moralmente aceitável em meio ao seu mundo particular. Para ela tudo era rotina e conseguia-se viver "corretamente" dessa forma. 

Até que algo que parecia inofensivo, longe do seu alcance, apresentou-se de bandeja bem na sua frente, num dia aparentemente normal e monótono, oferecendo-lhe algo por demais prazeroso e incorreto nos seus conceitos.

Ela não hesitou, com medo do arrependimento do depois. Já havia se arrependido por não ter feito muitas coisas, dessa vez seria diferente. E foi. Foi algo inesperado, novo, fugaz, avassalador. Por mais que negasse, queria mais e mais, mas não poderia ser quando ela quisesse, era quando de repente..."acontecesse".

E por ser imprevisível, vácuo total, chão anti-gravitacional, até hoje ela aguarda, todos os dias, a chegada da hora nona, esperando a quebra da razão, e do moralismo.

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