MEU
PRIMEIRO BEIJO
Nilda Brandão
Hoje lembrei do meu primeiro beijo.
Eu tinha 12 anos e descobri, para meu desespero que todo mundo da minha classe já tinha, ou pelo menos diziam que já tinham beijado.
Minha irmã gêmea, por exemplo, já havia beijado todos os meninos bonitos da escola. Era o Record entre as meninas. Alias, minha irmã era a mais popular da escola, tudo que ela tinha de extrovertida, eu tinha de introvertida. E sempre que saia o comentário que ela tinha beijado mais um \menino, sempre vinha alguém pro meu lado perguntar
- e você? Ainda não beijou ninguém?
E eu desconversava, dizia que não tinha achado o garoto certo, mas a verdade era que eu não sabia beijar. Se alguém quisesse me beijar ia descobrir meu terrível segredo! E nem para minhas amigas eu tinha coragem de contar porque elas ririam de mim.
Sonhava com meu primeiro beijo, que seria romântico como naqueles livrinhos Julia e Sabrina que eu lia, e ensaiava meu beijo no espelho.
Um dia, andando a rua, um menino gritou para mim.
- Aí fulana, sou louco para chupar a sua língua...
Então, tinha uma língua envolvida... foi uma informação valiosa... para beijar na boca tinha que usar a língua. Comecei a ensaiar com a íngua junto.
Depois de um tempo descobri que os meninos da escola estavam disputando para ver quem seria o primeiro a me beijar, aparentemente eu tinha virado material raro, uma vez que ninguém nunca tinha me visto, ou ouvido falar que eu havia beijado um menino.
O menino mais bonito da escola estava confiante que ganharia. E secretamente eu adoraria que fosse ele o meu primeiro. Primeiro porque ele ser experiente e nos meus sonhos mais profundos imaginava que o beijo dele me levaria as alturas. Depois porque ia ser um currículo e tanto entre as meninas que sonhavam com o beijo dele tanto quanto eu. Mas só de pensar em ser beijada por ele sem saber beijar me enchia de pânico. Ele na certa descobriria na mesma hora que eu não sabia beijar e ia contar para escola inteira!
De jeito nenhum eu deixaria aquilo acontecer. Precisava aprender a beijar antes de sair com ele. Precisava de uma vitima. Alguém que pudesse me ensinar sem sair por aí espalhando isso.
Encontrei minha vitima poucos dias depois. Seu apelido era rato. Ele veio até mim e disse que estava fim de mim fazia tempo, era a oportunidade perfeita. Menti dizendo que também estava afim dele. Ele segurou minha mão e me levou pro lugar que todas as meninas eram levadas quando menino queria dar uns amassos - atrás da igrejinha do bairro. Eu estava super nervosa, ele sorria e segurava minha mão suada. Derepente ele me encostou na parede da igrejinha e colou os lábios nos meus. Eu por instinto abri minha boca e ele colocou a língua dentro. Eu não sabia o que fazer com língua dele, que ficou passeando pela minha boca. Tenho que admitir que não vi graça nenhuma no beijo, e não entendi porque as meninas se derretiam todas por aquilo. Foi então que ele tirou a língua da minha boca, imaginei que ele queria que eu colocasse a minha língua na boca dele e foi o que eu fiz. E ela chupou minha língua. Enquanto ele chupava uma sensação foi subindo pelas minhas costas e me arrepiando inteira. Minha perna ficou mole, e se ele não estivesse me abraçando eu acho que cairia derretida ali na igreja.
Nos beijamos por mais de uma hora... Foi o maior aprendizado de beijos que alguém poderia ter. Estava pronta para o bonitão da escola. Comecei a dar mole prá ele, mas bem discretamente, ele deu o bote e um dia me levou até a igrejinha. O beijo tão desesperadoramente sonhado e esperado estava prestes a acontecer. Se com o rato, que era um reles ninguém tinha sido delicioso imagina com ele! O mais bonito da escola. Eu mal podia acreditar que o mais bonito da escola estava a dois segundos de me beijar.
E ele me beijou.
Nada.
Não derreti
Não tremi
Não senti nada... ele nem chupou minha língua gostoso igual o outro...
Decepção.
Ninguém na escola entendeu quando eu, depois de ter ido para a igrejinha com o bonitão, preferi namorar o rato.
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