ALÉM DAS VIDRAÇAS
Krika
Sabe quando parece que tiram o pensamento de dentro da sua cabeça? Pois foi o que aconteceu comigo essa semana. Faz tempo que não escrevo para o site dos anjos de prata e outro dia sentei do lado de uma janela e fiquei pensando que precisava destravar, mas que os temas não me inspiravam, e que bom mesmo seria escrever sobre janelas... Pimba! A janela, ou melhor, o tema caiu na minha cabeça.
As janelas sempre fizeram parte da minha vida. Quando criança a minha mãe já pedia para a professora não me colocar sentada do lado de uma janela, pois não iria prestar atenção na aula e só ficaria
olhando para fora. Acontece que a vida lá fora me fascina e eu estou sempre do lado contrário, o lado de dentro da janela.
Uma grande amiga que também gosta de janelas, mas vistas pelo lado de fora, confidenciou-me que fica imaginando o que se passa por detrás das vidraças, quem são as pessoas que abrem as cortinas diariamente,
quais são seus temores, quais são suas angústias. Eu nunca pensei dessa forma, primeiro que acho mais simples me colocar na posição de
espectadora, de ver passar gente, carro, carrinho de bebê, cachorro... Segundo que quando me vejo do lado de fora, as coisas lá fora deixam de ser fascinantes e eu volto correndo para dentro e me debruço na janela.
A janela da casa onde morava era enorme e sempre ficou livre de móveis para o meu deleite. Passei a minha adolescência pendurada naquela janela da vila Pompéia. Daquela janela conheci muitos amigos, vi muitos acidentes de carro, muita gente chegando, muita gente indo embora. Daquela janela eu decidia que roupa iria usar, afinal era uma rua movimentada e eu ficava observando a moda e o clima sentido pelas pessoas, se estavam agasalhadas ou não. Daquela janela eu sorria para os conhecidos e acenava para desconhecidos.
Daquela janela começou meu casamento.
Nunca perdi uma diversão. Sabia onde seria a festa, quem estava convidado e pela janela decidia se iria ou não. Final de semana que não tinha festa na vizinhança, eu puxava conversa com alguém conhecido e ficávamos horas conversando debruçada na janela. Minha melhor amiga naquela época era justamente a que gosta de janelas pelo lado de fora. Ela até quis me dar um par de almofadinhas, para os cotovelos, que declinei lógico!
Ainda hoje, em algumas situações, vejo-me na posição de espectadora, pendurada numa janela, apenas vendo a vida passar. A minha e a dos outros. Procuro me sentar nos cantos e de preferência perto de janelas. Preciso ver o mundo lá fora, saber o que está acontecendo enquanto estou presa dentro de uma sala. Preciso ter ao meu alcance a oportunidade de olhar para fora, acenar para um desconhecido ou fazer caretas para uma criança. Adoro janelas e a única que dispenso é janela de avião. Mas isso é outro assunto! Quem sabe inspiração para escrever sobre um outro tema?
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