DESCONFORTO
Nerino de Campos
Na parede, amarelado sob uma moldura rota, o meu auto-retrato, quando jovem, inspira mais respeito do que esse caco na cadeira de balanço, a forçar a perna num movimento ritmado, como se amenizando a eterna estagnação existente na casa. Até a mosca que entrou fazendo três ou quatro visitas de inspeção em pontos distintos da sala, preferiu o caco ao auto-retrato emoldurado, causando-me uma profunda irritação por não ter forças para espantá-la.
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