ANO NOVO / TRIBALISMO &
O CERTO É O CERTO, E O ERRADO
É O ERRADO - OU NÃO
Bruno Freitas

Todo ano que chega, você reflete sobre o que fez, não viu, perdeu, e até deixou de fazer. Todo ano entra com você prometendo várias coisas, que repetem indicação no próximo ano, como as coisas que deveriam ter sido feitas, e as que não foram. 

Para este ano novo que chega, o bom mesmo é dizer que agora o Brasil tem futuro. Dizer que sempre votou no Lula, e foi PeTista desde criancinha. O bom mesmo é continuar detestando televisão e seus realities shows. Continuar sem assistir os canais abertos, simplesmente por falta de opção, e por melhor que seja o programa do Ratinho, isso é coisa de se assistir uma vez por mês. O bom mesmo é comer em casa, gastar menos, e quem sabe assim, juntar mais dinheiro pra sair do vermelho. 

Para este ano que entra, é bom ser politicamente correto, ser contra a guerra no Iraque, e a favor da reforma no INSS. É direito adquirido, ter noção do novo Código Civil, é correto ser ecologista, e ruim é não saber quem ficou com quem no final da novela das oito. O certo é ser saudável, ter um celular, acessar internet, assistir têvê a cabo. O errado é ter obesidade, morar de aluguel, assistir a novela das oito. O certo é o certo, e o errado é o errado. 

É legal gostar até dos Tribalistas... Porém a opinião pública diverge sobre o resultado do trabalho, comercial ou não, de Arnaldo Antunes, Marisa Monte, e Carlinhos Brown. Alguns, como a crítica especializada, ou não, aclamam o lançamento elegendo-o como o melhor lançamento de 2002. Outros, como pseudo-intelectuais especializados, ou não, reclamam da popularidade do trabalho, indignados com seu mal resultado. Nunca se pode agradar todo mundo...

Li certa vez, uma crônica do Mario Prata, que versava sobre a indicação do Paulo Coelho à imortalidade, e pelo contrário do que muitos poderiam acreditar, o Prata falou muito bem de seu colega Coelho. Acontece que o Prata estava certo, pois ele defendia que o Coelho, apesar de não ser sua leitura de cabeceira, tinha o mérito de fazer com que surgissem milhares de novos leitores, e que não era nada mal ter um imortal com aquele calibre, achava justa e correta a indicação. 

O mesmo acontece com os que não aceitam o fato de que o novo trabalho dos três musicistas, é sim um bom trabalho. Acontece que o disco Tribalistas, não tem pretensão nenhuma de revolucionar a Música Popular Brasileira, o disco é simplesmente uma brincadeira inteligente. Os três artistas se juntaram com o intuito de fazer o que mais gostam na vida, compor e gravar suas canções, e fazendo isso juntos, já que são amigos, além de uma ótima estratégia de marketing é uma oportunidade a mais de apreciar um trabalho com qualidade, mas já era de se esperar de astros com esse calibre. 

Quando expoentes da Música Popular Brasileira se juntam, o resultado vem sendo sempre favorável para nossa cultura. Ver o caso antigo de Elis & Tom, Gil & Caetano, Vandré & Hemeto, Vinicius & Toquinho, Alceu & Azevedo, sem contar, é claro, com as duplas sertanejas bem como Sandy & Junior, etc e tal... Se dois é bom, três nunca é demais. 

Acontece que o novo cêdê de Arnaldo Antunes, Marisa Monte, e Carlinhos Brown é um bom trabalho, sim: Tem duas ou três melodias pegajosas que entranham até na alma, tem mais duas de balançar, e o resto é música para acalmar bebês. Quem não tem, e nunca teve um bebê em casa não sabe a importância das melodias bonitinhas, ou como diria uma música do ex-Beatle Paul MacArtney, Silly love songs. Quem tem um bebê em casa eu recomendo, o CD Tribalistas, para acalmar e até quem sabe, adormecer seu bebê. Mas cada um, cada um...

Silêncio entre uma faixa e outra...

Os Tribalistas é bom, porque é o resultado de uma união prazerosa, que pode ser ouvida em cada faixa do CD. Pode-se ouvir o prazer estampado na voz e nos acordes musicais, nos sininhos, nas colheres, nas tumbassouras, nas caixinhas de brinquedo, de música, nos caxixis, nas moringas eletrônicas, palmas e pé em Deus, com fé na taba...

Enquanto isso, o Luiz aqui em casa dorme ao som dos Tribalistas, e eu esqueço por completo de escrever sobre minhas resoluções de ano novo, e que com toda certeza, estarão nas resoluções de ano novo do ano que vem.

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