28
(A ESTÂNCIA DO CIÚME)
Manuel Maria Barbosa du Bocage
Há
um medonho abismo, onde baqueia
A impulsos das paixões a humanidade;
Impera ali terrível divindade,
Que de torvos ministros se rodeia.
Rubro
facho a Discórdia ali meneia,
Que a mil cenas de horror dá claridade;
Com seus sócios, Traição, Mordacidade,
Range os dentes a Inveja escura e feia.
Vê-se
a Morte cruel no punho alçando
O ferro de sangüento ervado gume,
E a toda a natureza ameaçando:
Vê-se
arder, fumegar sulfúreo lume...
Que estrondo! Que pavor! Que abismo infando!...
Mortais, não é o inferno, é o Ciúme!