FEINHA FEINHA
William Stutz
Fora sua primeira paixão. Era uma moça feinha feinha, que gostava de estrelas.
Não das estrelas do céu, reluzentes e às vezes barulhentas em seu silêncio de cristal, mas das estrelas desenhadas, estampadas nas roupas, bordadas nas batas e nas sandálias. Estrelas, enfim, estrelas.
Fora também a sua primeira mulher. Com ela deitou-se e conheceu prazeres nunca imaginados. Em seus braços dormiu noites deliciosas.
Seu perfume também era diferente, nunca mais o sentiu, apenas ela o exalava, mais ninguém.
Estava apaixonado. Não, estava loucamente apaixonado.
Quase mudou o rumo de sua vida por esta paixão. Largaria tudo por ela. Viajaria o mundo em sua companhia.
Paixão louca, sem limites sem presilhas.
Mas o susto-pânico um dia veio, sentiu-se perdido, vazio, sua amada feinha feinha o trocara por outro. Não um outro qualquer mas o outro parente, amigo, mais do que amigo, cunhado. Correu na chuva, chorou, não encontrou ninguém para ouvir seus lamentos uivos, ainda bem, aprendeu a sofrer sozinho.
Sentiu-se traído duas vezes. Quis morrer. Mas era muito moço para morrer e mais moço ainda para matar.
O tempo rápido passou e rápido a dor tinha sumido, o sorriso voltou e pode então entender – como amar alguém que gosta de estrelas de mentira?
Não, não merece o seu amor. Quanto à dupla traição, ele há muito sorri pois descobriu
há muito tempo um amor único, puro e verdadeiro, afinal eles se merecem são tão feinhos feinhos ...
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