SINOPSE
Shirley Kühne

É claro; ainda tenho um ranço idiota. Dois dias de choro confuso na contramão da rotina quente de verão – madrugada ofegante com seus risos soltos, completamente indecentes, pedaços de inferno incrustados nas paredes da ladeira. Cemitério-ladeira. Fico pensando em você. É a última vez. Te enterrar em alguma cova. Prometo em vão. Releio o que escrevo. ?Quem pode me carregar para onde quero. As palavras – Não! Ponto. Vírgula, Interrogação? Resolvo abandonar tudo (perdoem-me a falta de reticências) 

a página pretensamente livre das pausas definidas do bem escrever 

"a letra ficando obtusa e cada vértice do pensamento é um
descalabro da trigonometria da noite salgado tesão empobrecido
pelo monotonia do texto"

Bobagem. É chato à beça o exercício solitário de patrulhar as palavrinhas, seus encaixes perfeitos nos vãos minúsculos e obscenos das emoções. Mas o que ocupa um grande espaço mesmo é o não sentir invadindo tudo, mesclando tudo, inutilizando tudo, alimentando-se de si. Banquete dispa-ratado de Pantagruel. Fome de nada enchendo as ventas. 

Cara, não posso mais ver você! 

"Chove muito no meu pensamento, é verão, verão, verão". Verás. 

fale com a autora

Para voltar ao índice, utilize o botão "back" do seu browser.