BRINCADEIRA
DE ADULTO
Raquel Santos
Era mês de novembro, Maria adiantou o Natal e lhe deu um brinquedinho.
Logo ao início ele se deliciou com o presente, encontrando nele inúmeras possibilidades de jogos e artimanhas; mas seu entusiasmo parecia apenas momentâneo, pois passado os primeiros dias não ligava mais para o que ganhou. Parecia não se importar muito, nem durante as férias deu atenção para seu joguete. De vez em quando, na pura falta do que fazer decidia se divertir.
Passado algum tempo (mês de abril), parece que resolveu cuidar mais do brinquedo e pelo menos uma vez por semana, passava horas atento e concentrado na brincadeira.
Estava cada vez mais satisfeito com isso, pois demonstrava carinho, afeição e zelo pelo presentinho.Entretanto, os mais observadores diziam que quando estava ali concentrado no seu jogo, era simplesmente porque não tinha outra coisa para fazer. Simplesmente um passatempo!
Maria se lamentava por ele ser tão indiferente a algo tão valioso. Mas, pacientemente esperava que essa atitude dele mudasse e que com o tempo reconhecesse o valor da sua amizade, confiança e carinho.
Muitas vezes o rapaz demonstrava aproximação, mas tantas outras, indiferença. Só que ela compreensiva, seguia na espera de que a calma e a paciência seriam fatores imprescindíveis para esse reconhecimento.
Entretanto, o tempo provou o contrário. O moço cuidava do seu brinquedinho sim; muito bem! Só que não tinha nenhum valor pra ele, fazendo com que ela, a amiga-namorada-amante, chorasse; pois na verdade, ela não é um joguete. Ela também erra, acerta, perdoa, ama e também quer ser amada. Em fim, ela tem alma e isso ele não enxergou.
Mês de setembro o brinquedo quebrou! Ele ficou sem seu presentinho e desta vez foi ela quem recebeu a visita adiantada do Papai Noel, trazendo uma jóia rara: "Olhos da Alma".
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