MEU HABITAT ARTE,
ARDE AQUI
Lula Moura
Olhando
ao longo do tempo (de ré),
observo que tenho andado por aí,
perambulando pra lá e pra lá.
Depois, pra cá e pra cá.
Na dança sem rumo,
que a vida oferece...
Tonto,
eu não renego, danço.
E sem enxergar xongas
nem milongas, danço.
Muito esquisito, penso.
Será que existo?
Estranho no ninho,
tenho me dito.
E medito.
Embora perdido,
ainda reflito,
em cima deste conflito,
pra tentar entender...
Aflito,
não entendo nada
mas não desisto:
repito e repito.
Teimoso que sou.
Será? Serei?
Não sei,
não sei o que sinto...
Prossigo.
A busca inconsciente
nos leva por aí, indigente.
Vamos embora,
que não chegou ainda.
Falta ingrediente.
E, olha, como demora...
Algo aqui dentro grita:
- Vamos cara, invente!
Tente!
E eu não consigo,
só medo, sonego
e só nego o que sinto...
Cansado,
com o olhar para cima,
suplico:
- Eu sou inocente...
Gente, que dor.
Não saber onde estou.
Onde moro, aonde vou.
Cristo, quem sou?
Quem sois?
Afinal, é o final?
Já chegou?
Faminto,
sinto que cheguei.
Escrevo o que vejo,
ou o que finjo.
Loucura da letra,
loucura do livro,
loucura dos Anjos...
Santos Anjos.
Santos ou Anjos?
Ou loucos, não importa.
Foi essa a porta
que abriu, inda bem.
Me sinto um neném,
vindo do além,
nascido, recém.
Que chora:
- Aqui dentro, arde!
- Aqui dentro, Arte!
Daqui dentro, parte
um sonho forte:
m e u e s t a n d a r t e.
Respiro,
enfim.
Chegou.
Bem vindo a mim.
Meu habitat Arte,
arde aqui.
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