BARZINHO
Felipe de Paula Souza
Hoje estava sentado em uma pracinha no centro da cidade aqui em Ilhéus juntamente com minha namorada. O local é agradável, uma grande árvore, alguns bancos e - por estar em um plano mais alto - permite uma boa visão panorâmica de todo o ambiente que a cerca. E, os dois ali sentados, começam a observar um estabelecimento que fica na quadra ao lado, um típico barzinho. Desses que existem aos milhares, espalhados Brasil a fora, com música ao vivo e alguns personagens que comento abaixo.
Eu, particularmente, pensava nos personagens desses bares. É interessante ver que, de norte a sul, em todos os barzinhos, existem os mesmos personagens. Talvez o mais tradicional seja aquele homem de meia idade que vai "caçar" alguma garotinha nesses locais. No fundo ouve-se em um violão desafinado: "-Meu peito agora dispaaaara....vive em constaaante alegria....amor i love you, amor i love you....". Percebam que não fui muito brega na escolha da trilha, não? Sim, como eu dizia, geralmente o "caçador" a que me referia não obtém muito sucesso. Na mesa ao lado você pode encontrar a solteirona convicta, quarenta e poucos anos, que vai ao barzinho tentar conquistar algum garotão. Geralmente o melhor resultado que ela obtém é ir embora com o "caçador" a que me referi acima.
Algumas mesas ao lado, temos outro exemplo tradicional: o casalzinho jovem que sempre discorda em tudo. O cara é o empolgado. Aquele que batuca na mesa acompanhando Mulheres do Martinho da Vila que toca na música ao vivo. Ele parece sempre estar encantado com todo o ambiente ao redor. Já a mulher dele é a mal humorada. É aquela que estava a fim de assistir a novela das oito, mas como o marido disse que ia sair, ficou com medo dele aprontar e resolveu fiscalizá-lo. A cada demonstração de alegria do sujeito ela o repreende. São dois chatos juntos. Estilos diferentes, mas igualmente chatos. Invariavelmente acabam a noite brigando e voltando para casa para no sábado que vem a história se repetir. Ao lado do casal está o deprimido. Nada está bom para este cara, não entendo porque ele saiu de casa. Está sempre sozinho em uma mesa e faz esporádicos percursos até o balcão sempre para tentar deprimir alguém. Acaba a noite na mesa, acompanhado por um copo de uísque e observa os gelos passearem dentro do copo. É o último a ir embora - não antes sem chorar nos ombros de algum infeliz.
No fundo do bar, junto à parede, vemos uma mesa vazia. É a mesa do metido a inteligente. Aquele cara que gosta de ficar observando os outros e analisando o seu comportamento. Este tipo geralmente gosta de escrever. Escreve mal pra caramba, mas não desiste...talvez acredite que com o tempo ele possa melhorar! Coitado. Acho que a tendência é piorar... opa! Já passa das oito e meia da noite! Está na hora de sair. Encerro este texto, antes que alguém pegue a minha mesa, ok? Um abraço e até a próxima!
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