PIEGAS
Eduardo Prearo
O tema é livre e estou escrevendo rapidamente, o que não faz muito meu estilo. Estou sem inspiração nenhuma, mente caquéctica, mas não só. Tento crer que as necessidades de agora existem porque sempre fui de certa forma um tanto quanto perdulário.E talvez ainda seja. Este estigma que penso que tenho, inexiste, eu sei, inexiste. Dez minutos de conversa com um psicólogo já dá remédio. Enfim, importo-me com o fato de nunca ninguém ter chegado até mim, principalmente esses profissionais, e ter dito que sou sadio. Ando empertigado, é? Não entendo o porquê desses escarros, se bem que também escarro, mas não é para ninguém, é que tenho catarro mesmo. Os psicólogos dizem justamente isso, para não ligar para o opinião alheia. Mas eu
duvido que eles não liguem...
Gostava de fotografar coisas mortas, quase putrefactas... e isso me deu uma "fama" de mórbido. Acho que na atual época de minha vida fotografaria flores...
é menos mórbido, sem dúvida... Ou é relativo, como insiste a populaça?
O que vou fazer neste final de ano? Nada. Não tenho nada pra fazer a não ser almejar um emprego melhor, estabilidade, essas
coisas... Talvez eu vá dar os sete pulinhos sobre as ondas, mas vai tanta gente! De qualquer forma, se todo mundo também vai para o litoral, sinal de que sou normal. Quero fazer o que todo mundo faz para parecer normal. Não, acho que não me esforço, não. Vou sair perfumado para o nada, traspassar a neblina, sair da
estrada... Vou descobrir o segredo que torna as pessoas atraentes,
comunicativas... porque parece que sempre tenho problemas relacionados à comunicação. Procure um fono, digo para mim mesmo... Nossa, como estou um tanto piegas neste final de ano.
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